Loucuras da vida (PARTE VII)
Levantei-me do chão, e só então me dei conta de que estava
ali sozinha, uma sensação estranha para quem morava sozinha há alguns anos.
Dei-me conta também de que a Julia não me ligou, e então me
dirigi ao telefone.
-Alô Lice?
-Oi Ju, desculpe, pela demora, mas já adianto esta tudo bem
na medida do possível.
-Pra ser bem sincera, eu tentei-te ligar umas 15 vezes no
celular, se você olhar lá você vai ver.
-Desculpe, mas eu nem tirei meu celular da bolsa, para falar
a verdade ele deve estar em modo avião até agora, e por aqui acabou que não deu
tempo de pensar em te ligar até agora.
-Ok, mas e ai quer me contar o que houve?
E então eu contei tudo para a Julia, que me ouviu
atentamente, e só quando terminei ela disse:
-‘’miga’’ isso esta parecendo até um filme, caraça! Eu não
sei o que dizer, nem o que pensar, e se estou assim imagine você!Aaaaaa(ela
disse gritando)- posso te adiantar com toda certeza, não sou eu a pessoa que
ficou passando a ele as informações ta, bom eu esclarecer, você sabe que não
fui eu, não sabe?
-Olha Ju levando em consideração todas as suas atitudes de
surpresa, desde o dia da nossa viagem até agora eu sei que não é você, porque
você é boa em muitas coisas, mas não é boa atriz, você não saberia mentir para
mim!Você não sabe mentir para ninguém!
-Ufa!! Ser sempre sincera tem suas vantagens!
Rimos, conversamos mais algum tempo, e então decidimos que
íamos tomar café da manhã em uma padaria no centro e conversaríamos mais
pessoalmente no dia seguinte.
Levantei-me e fui até o quarto de hóspedes onde o Lê esteve
dormindo todos esses dias, e vi no criado mudo, um óculos de grau, me
aproximei, peguei, coloquei nos olhos, tinha alguns graus considerável,
imaginei-o com ele, sorri, e então percebi que o cheiro da colônia dele estava
ali impregnado, e ai me dei conta de que eu estava feliz por ele estar de volta
eu só não queria me machucar de novo.
Fui até meu quarto, peguei meu notebook, liguei e enviei uma
mensagem:
‘’Oi Lê, acabei de encontrar seus óculos no quarto de
hospedes, eu não sei qual a necessidade deles para você, de qualquer forma vou
deixa-lo na portaria amanhã pela manha quando eu sair, então se precisar só vir
buscar.
Clarice’’
Foi o tempo de eu pegar um copo de água e voltar e havia uma
resposta:
‘’Oi Lice, você não imagina
como meu coração disparou ao ver sua mensagem, mas era só para me dizer dos
óculos! Ok agradeço, quanto a isso não se preocupe, ainda sou o mesmo desorganizado
de sempre, e por conta disso acredite, tenho mais dois óculos, na bolsa, na
verdade estou até com um agora,e acredite nem havia me dado conta que havia
esquecido um ai, só me lembro de todos eles quando acabo ficando sem nenhum(risos).
Mas isso significa que você foi até o quarto verificar se
ficou tudo ok, ou seria um ímpeto de saudade, espero ser pelo segundo motivo,
mas caso seja pelo primeiro, tomara que eu na minha distração não tenha deixado
tudo desorganizado, ou sujo.
Vê se me liga, estou com saudades! Estou com saudades há 10
anos!
Lê’’
Sorri ao terminar, e
percebi que ele ainda era o mesmo esquecido de sempre, mas não esqueceu de mim,
fui tomada por felicidade.
Tomei água, escovei meus dentes, joguei a mala semiaberta no
chão, e deite-me, rolei de um lado, rolei para outro, mas não aguentei, e foi
no quarto de hospedes que eu adormeci, dormindo na mesma cama, com o mesmo
travesseiro que ele havia dormido todos esses dias, sentido o cheiro dele.
Na manhã seguinte ao acordar, demorei em sair dali, por um
instante via que essa era a forma de estar mais perto do Lê naquele momento, e
pensei que poderia tê-lo deixado dormir aqui, depois pensei de novo que não
teria sido boa ideia.
Deixei os óculos na portaria conforme disse que deixaria, e
fui caminhando até a padaria, quando cheguei encontrei com a Ju, já na nossa
mesa de praxe.
-Bom dia!
-Oi bom dia gata borralheira! E ai conseguiu dormir?
-Na verdade não e sim! Não na minha cama, mas sim na cama do
quarto de hospedes!
-Não acredito! Por quê? (ela me perguntou revirando os
olhos, enquanto isso a garçonete veio nos servir e e ela continuou – Tomei a liberdade
de pedir para você, porque já sei o que ia querer. E juntas dissemos:
-Panquecas e uma xícara de café!
Sorrimos, a Ju era mesmo boa amiga já conhecia meus gostos,
e eu os dela, ela era a minha gêmea eu costumava dizer já que a Jana era a mais
nova, pensando na Jana me dei conta que precisava dar noticias pros ‘’papis’’,
e faria isso ao voltar para casa.
-E então, sei que é cedo, mas e ai o que decidiu – Ju disse
colocando um bom pedaço de panqueca na boca.
-Ju tenho medo, vou falar o que pra ele, e ai Lê, vamos
namorar?
-Seria um começo!
-Você só pode estar brincando não é assim que a coisas funciona
Ju.
-Ué, teria que começar de alguma forma, porque você não
deixa as coisas fluírem, sem compromisso, pra ver onde vai dar.
-Tenho medo, agora que consegui acertar tudo dentro de mim,
colocar tudo a perder, e se ele ver que tipo não me ama mais tanto assim e ir
embora?
-Lice....e se.....e se....lembra? E se... não existe! Você
esta mais madura, e acho que é até um jeito de continuar de prosseguir caso não
dê certo, acho que será a deixa, o sinal, a finalização dessa historia.
-O que você faria?
-Lice eu não sei o que eu faria primeiro porque eu nunca
tive um amor assim como vocês, segundo porque eu não to a fim de me amarrar em
ninguém, mas eu no seu lugar sabendo de tudo que sei de tudo que você já me
falou, dessa coisa de romance que vocês tinham e que amiga, me desculpa, mas parece
mais coisa de livro que qualquer outra coisa.....eu no seu lugar daria uma
chance, para ele e para você!
Fui mastigando e engolindo meio que sem sentir o gosto, só
estava no automático, pensando sobre aquilo tudo.
NA VISÃO DO ALESSANDRO PARTE IV
Ao sair do Banho fiquei surpreso ao me deparar com uma
mensagem da Lice, antes de por roupa abri e li, era sobre os óculos, minha
cabeça já é nas nuvens, agora perto dela, então nem se fala.
Respondi mas fiquei feliz por ela ter escrito o e-mail. E
espero que ela tenha gostado da
resposta, na verdade eu fiquei na espera de um outro e-mail que não
veio.
Deitei-me, e pensei que a espera não seria fácil, mas eu esperaria
mesmo assim, e que eu não iria buscar os óculos, quem sabe isso incentivasse
ela a me ligar novamente, eu nem deveria ter dito que tinha outros dois aqui,
mas enfim, o certo era fazer o certo, falar a verdade.
Comecei a me sentir estranho e me dei conta que era porque
eu não estava na casa dela, deitado na cama dela, nos lençóis dela, sentindo o cheiro
dela.
(PARTE VIII)
Depois do café , e um bate papo longo com a Ju, cada uma
voltou para sua casa, ela ia ao cabeleireiro, mas eu decidi voltar para casa,
desfazer minha mala, e estava ansiosa por saber se o Lê tinha ido buscar os
óculos.
Ele não foi buscar, peguei e subi de volta com os óculos, no
fundo achei bom ele não ter ido, eu deveria ter deixado, mas eu queria que caso ele fosse que tivesse que
pegar comigo.
Liguei para meus pais, dei noticias e para eles é como se
meu roteiro de férias estivesse de pé, mas não, os demais passeios pelas
cidades mais próximas ficaram em espera até eu conseguir resolver tudo, Jana
tinha ido para praia com namorado, deixou recado que me ligaria quando
voltasse, na terça ou quarta da outra semana.
Arrumei minha mala, separei as lembranças, e ao levar as roupa
suja para área de serviço dei uma paradinha na porta do quarto de hospedes e
dei uma espiada, como me certificando de que ele não estava ali, pelo menos não
de corpo presente.
Então, depois de colocar umas roupas na maquina, decidi que
era hora de ligar.
-Alô
-Oi Lê!
-Oi Lice...nossa nem acredito que você esta me ligando!
-Não é uma boa hora?
-Claro que é, mas eu tinha receio de que sua ligação
demorasse mais para acontecer.
-Na verdade Lê, não há muita coisa mais para ser dita, então
decidi que, se temos que voltar a nos conhecer novamente, falar um pouco sobre
nós, ao contrario do que você me disse há muita coisa que mudou em mim, e tenho
certeza que há muito que mudou em você, é um processo natural entre duas pessoas,
afinal você não tem mais dezenove e eu dezessete anos.
-Claro você tem toda razão, eu concordo, eu...eu nem sei o
que dizer, eu estou tão feliz e animado com essa possibilidade.
-Certo o que você sugere?
-Bem já que é para começarmos a nos conhecer novamente que
tal um encontro, tipo um almoço, lanche da tarde, um jantar de novo o que me
diz?
-Acho ótimo, um almoço....hoje?
-Seria muito bom se sim, se puder ser hoje, mas pode ser
quando você puder.
A animação na voz dele era notável.
-Certo, hoje então! Te pego ai, daqui uma hora pode ser, tem
um restaurante bem bacana nessa região.
-Mal posso esperar Lice, alias já to aqui esperando.
-Ta.... Até já então
-Até
No caminho, fiquei tentando imaginar esse almoço, e essa
situação de nos conhecermos de novo, e mesmo conhecendo ele, para mim era como
se realmente fosse um primeiro encontro com alguém novo, porém com uma emoção
já conhecida.
Na recepção do hotel aguardei que ele descesse, assim que o
vi sorri, sorri de alegria, não importava o que fosse acontecer, pensei que eu
faria de tudo para manter no mínimo a amizade dele, que foi assim que tudo
começou, mesmo a dez anos atrás, com a amizade.
Ele veio até mim me beijou no rosto e disse:
-Estou a sua disposição, pode me levar onde você quiser.
-Então vamos lá, esta com fome?
-Sim estou um pouco.
Quando entramos no carro, ele começou:
-Você não imagina o quão feliz estou me sentindo, e preciso
que você me fale como esta sentindo, não há como adivinhar se você não me
disser ok.
-Ok, mas fique tranquilo, isso eu não mudei você vai
conseguir ver estampado na minha cara se algo não... Digamos’’cair bem’’
-Ok, e posso perguntar onde você esta me levando?
-Tem um restaurante aqui perto, que gosto muito, fica perto
do escritório onde trabalho, a empresa fica mais afastada da região central,
mas por facilidade a dois anos o escritório da parte administrativa funciona
naquele prédio ali esta vendo – apontei para o prédio espelhado a uns dois
quarteirões de distancia, mas possível de se ver pela altura.
-Sim estou vendo, me fale mais sobre você!
-O que mais você quer saber? Perguntei enquanto descemos do
carro
-Quero saber tudo o que não sei tudo o que você quiser me
contar!
Ele pegou minhas mãos enquanto entravamos no restaurante,
escolhemos um lugar mais afastado, nos sentamos, pegamos o cardápio e fizemos
nosso pedido e solicitei um suco.
-Achei que gostaria de dividir um vinho! Ele disse me
olhando.
-Estou dirigindo esqueceu? Mas nada impede que você tome um
já que esta de motorista certo?
Nós rimos, o clima estava descontraído, leve, gostoso.
-Melhor não! Vou te fazer companhia! E virando para o garçom
pediu um suco de laranja.
Voltando para mim, me disse:
-E ai, me fale de você!
-Bem eu fiz faculdade de comércio exterior e trabalho nessa
área desde a época do estagio na mesma empresa, e desde então me dedico a ser
boa profissional, e acho que tenha conseguido embora eu tenha um chefe muito
‘’mala’’
-Bem deduzo que ter um chefe ‘’mala’’ não deva ser coisa
boa!
-É de fato não é, mas tiro de letra, porque não é um
problema pessoal meu com ele, e sim com departamento, mas isso esta com os meses contado já que me parece que ele vai se
aposentar.Fiz este comentário com certa alegria.
-E o que mais?
-Não há muito mais o que contar é isso, não tem mais nenhuma
novidade, a não ser as que você já sabe, moro sozinha, trabalho, enfim nada
demais, minha vida não tem muitas aventuras, e você, me conta um pouco como foi
esses anos todos morando fora.
-Bem me formei em construção civil, arrumei um emprego na
área, e vivi os últimos 5 anos depois de formado morando cada ano em uma cidade
ou estado diferente, tenho uma sociedade com uma empreiteira, somos seis
sócios, ninguém ainda esta milionário, mas esta dando pra viver, eu morei em
Los Angeles, em Boston,em Miami, Orlando,Tampa e minha ultima morada esta em
Nova York, não me casei - neste momento ele me olhou e sorriu, prosseguiu – e também
conheci alguns outros países em
férias.Bem é isso, nada demais.
-Estive em Los Angeles, e em Miami e Orlando de férias,
quase que nos cruzamos por la .
-Bem se isso tivesse acontecido, o hoje não estaria
acontecendo, não dessa forma.
-É verdade! Mas ainda há uma possibilidade de nos cruzarmos
por la já que minha programação para o réveillon este ano é Nova York.
Ele começou a rir e disse:
-Imagina a cena, eu tentando achar noticia de você, no
facebook alheio, ai me deparo com uma foto sua, passando o réveillon em Nova
York, eu iria surtar!
-Seria no mínimo engraçado!
-De qualquer forma a sua programação não precisa mudar,
agora já tem onde se hospedar.
-É cedo para certas coisas, um passo de cada vez.
-Ok um passo de cada vez, como vai seus pais?
-Bem do mesmo jeito, minha mãe quase enlouquece meu pai, e
eles juntos enlouquecem a Jana, você se lembra da minha irmã mais nova?
-Sim claro, me lembro.
-E seus pais como vão?
-Bem, eles sabem que eu vinha para o Brasil, mas eu ainda
não disse que estou aqui!
-Entendo! Para lhe falar a verdade, minha mãe encontrou com
a sua outro dia, e sua mãe já havia contado que você estava vindo.
-Nossa então quase que minha surpresa vai por água abaixo!
-Sim quase, se sua mãe soubesse de seus planos e tivesse
contado para a minha com certeza!
Nossos pedidos chegaram, e ficamos la enquanto comíamos,
naquela coisa de falar sobre nossas vidas particulares, e foi bom poder
compartilhar com ele um pouco sobre mim, minha vida, e poder ter o mesmo dele.
Ao finalizar a refeição ele queria pagar a conta, mas não
deixei, disse que era minha vez, já que o primeiro jantar foi ele quem me
ofereceu, e que hoje em dia não tinha nada dessa coisa do homem pagar a conta,
que podíamos dividir, muito a contra gosto, ele me permitiu pagar, mas vi que
foi mais para que eu não fosse contrariada do que qualquer outra coisa.
Chamei-o para irmos a um parque que tinha ali, também por
perto, sentamos, em uma mesa, que muitos idosos usavam mais tarde para jogar
cartas, ou jogos de tabuleiro. Ele sentou de frente de mim, pegou minhas mãos
dizendo:
-Estou tão feliz por estar aqui com você, por ver como você
esta, e ver essa pessoa doce que você é, e chego a conclusão que só pode ser
uma benção dos céus o fato de você estar sozinha até hoje!Nunca apareceu
ninguém Lice? Por quem você tenha sentido algo a ponto de querer manter um
relacionamento?
Eu fique tensa, eu fiquei nervosa nesse momento, mas não era
momento para desculpas, e nem meso mentiras, tínhamos de prosseguir, e eu não
sabia ser outra coisa senão sincera:
-Eu tentei, algumas vezes nesses anos, conheci uns caras
legais, pessoas que eu sei que gostaram de mim, e que eu até tive bastante
carinho, confesso que de alguns após o fim do relacionamento eu até senti
falta, mas eu nunca amei de verdade nenhum deles, todos meus relacionamentos
nunca duraram muito, o mais longo que tive foi exatamente 3 meses e 5 dias!
-Você pensava em mim Lice?
-No começo obvio, depois aprendi a lidar, eu precisava
bloquear você na minha mente, e eu consegui fazer isso, depois aprendi a pensar
menos, e depois você passou a ser algo tão distante, que na verdade eu não
pensava muito, não mais.
-Eu entendo, eu só estou tentando saber como foi para você,
porque eu nunca quis te magoar.
-Você acha que se tivéssemos mantido um relacionamento a
distancia como você propôs na ocasião teria dado certo?
-Acho que não!
-É eu nunca achei que daria, por isso não topei!
-Olha só, eu não acredito! Ele disse apontando para um
sorveteiro que vinha passando – Isso ainda existe?
-Sim existe! Achei muito engraçado a forma como ele ficou
feliz em ver um simples sorveteiro, ele parecia uma criança, e em um impulso
ele foi até o sorveteiro e voltou com dois picolés na mão:
-Morango?
-Sim! Eu disse pegando o picolé que ele me estendeu.
-Viu ainda lembro-me de alguns de seus gostos!
-É eu vi.
Ficamos ali por alguns instantes degustando nosso picolé,
entre olhares, e de repente ele me olhou, com um sorriso tão lindo que eu fui
obrigada a perguntar:
-O que foi? Estou com a boca lambuzada? Fui dizendo e
esfregando a mão a fim de limpar algum resquício de sorvete.
-Você é tão linda!
Fiquei ali ruborizada com certeza, sorri de volta e disse:
-Como diria minha irmã Jana, você também esta um gatão!
Caímos na risada, e foi mágico o beijo que aconteceu em
seguida, não tinha pressa, mas tinha urgência, sentir aquele doce da boca dele,
me lembrar de como era, e então me transportei para 10 anos atrás, nosso ultimo
beijo, em frente de casa, e ali naquele beijo perdida naquele momento, eu usei
todas minhas forças e disse a mim mesmo mentalmente:’’não importa o que ficou,
o que importa é o agora’’.
E assim como se já soubéssemos o que outro queria, quando
dei por mim estávamos entrando em casa:
-Seja bem vindo!
-Obrigado de novo!
-Senta, fica a vontade, você quer uma água?
-Aceito- ele me respondeu com um olhar indecifrável.
E então enquanto eu pegava os copos no armário, senti-o me
abraçando por trás, e em seguida um beijo quente, e então como seu eu fosse uma
pena me colocou sentada em cima da pia, e por ali ficamos nos beijando como adolescentes que começam a se beijar pela
primeira vez, e só ai senti que um calor percorria minha espinha toda e um frio
na barriga me alertou que seria melhor parar, ali naquele momento.
Delicadamente o empurrei finalizando aquele beijo ardente, o
olhei, e tinha certeza de que estava vermelha, feito pimenta, porque eu sentia
o calor que emanava das minhas bochechas:
-Lê acho melhor a gente ir com calma, me desculpe.....eu
-Não tem nada que me pedir desculpa, mas é que a saudade
desse beijo estava me consumindo, e eu....eu te quero tanto.
-Eu ainda não estou pronta para isso.
-Para o beijo? Ele me perguntou com olhar duvidoso.
-Não, para o que poderia acontecer se continuássemos nos
beijando dessa forma.
Com um sorriso muito malicioso, ele me perguntou:
-E o que você acha que poderia acontecer?
-O que nunca aconteceu comigo! Eu falei firme olhando bem
nos olhos dele.
E então ele se afastou e foi indecifrável dizer o que ele
estava pensando, ou sentindo, ele ficou me olhando, ai deu uma viradinha no
pescoço, meio que me olhando de lado, como se isso pudesse fazer ele me ver de
outro ângulo, ai ele sorriu, um sorriso sincero, depois teve um ar de malicia,
e eu fiquei ali quieta sentada na pia esperando ele absorver e chegar as
conclusões dele, e então ele disse com ar travesso e confuso:
-Lice você quer dizer que....que
-Afinal de contas- eu comecei interrompendo –o -porque você
acha que meus namoricos depois de você nunca foi tão longe? Embora tenha a questão
de valores familiares as quais eu sempre prezei, mas há outros fatores também
-Lice eu não posso acreditar que você ainda seja virgem!-
ele falou com certo ar de riso.
-Bem se isso é uma decepção para você, eu sinto muito, mas
você se esqueceu que quando namorávamos depois que as coisas começaram a esquentar
entre nós fizemos um trato?
-Eu me lembro do trato-ele começou com certo saudosismo- que
somente iríamos até o fim depois que você ingressasse na faculdade também!
-Pois então, você foi embora algum tempo antes disso.
-Lice eu não posso acreditar, isso sim é surreal.
-Não acho – respondi descendo da pia, indo para sala seguida
por ele.
Sentei e continuei:
-Afinal você acha que nenhum namoro meu deu certo só porque
não havia amor? Da minha parte pelo menos, não, não foi por isso, foi porque eu
nunca consegui ir até o fim, e nenhum homem com mais de ....sei la 18/20 anos
consegue se contentar somente com alguns
beijos e possíveis ‘’amassos’’ mais quente. Por outro lado se eu nunca senti
nada de amor por nenhum deles como eu poderia me entregar para algum deles?
Ele ficou me olhando, sério, eu diria que até um pouco
perplexo, a situação era estranha admito, mas eu convivia tão bem com minha
condição de moça virgem, que para mim isso era indiferente, era uma coisa na
qual eu nunca havia parado para pensar.
-Lice, eu não sei o que dizer, não sei se devo falar que
lindo, ou sei lá, de tudo que esperei ouvir de você, juro que isso não é nem de
perto próximo.
-É por tentar evitar esse tipo de ‘’choque’’ nas pessoas que
sempre deixo a minha virgindade escondida- respondi com ar de sorriso, para que
ele visse que eu não me incomodava com aquilo, e que estava tudo bem, afinal é
uma coisa difícil para os tempos atuais mas isso não quer dizer que eu seja um
bicho de sete cabeças.
-Ta você tem razão.... Tem algo mais que eu deva saber tipo
se você lê pensamentos, ou os escuta?-Perguntou ele com aquele sorriso lindo de
novo para mim.
-Não, isso não! Respondi no mesmo tom de brincadeira e com
meu melhor sorriso estampado.
E então ele se aproximou de mim de novo, e me atacou com novo
beijo, alias muito novos beijos, e me dei conta de que havia anos, que eu não
beijava tanto assim, mas foi só isso beijos e nada mais.
Depois de beliscarmos uns Paes com leite em casa o levei de
volta ao hotel, ele não queria, disse que pegaria um taxi, mas fiz questão porque
eu disse que precisava passar na casa da Julia depois de deixa-lo e era
caminho.
NA VISÃO DE ALESSANDRO V
Quando o telefone ligou uma hora antes do horário do almoço
e vi que era Lice, fui pego por uma alegria sem tamanho. O convite para almoço
então foi surpreendente, fiquei mais feliz por ver que ela estava nos dando uma
chance, mas não como uma segunda chance, mas como a primeira.
O jeito dela descomplicado, tranquila, foi o que sempre mais
me atraiu, por outro lado, na época não foi suficiente, mas hoje eu sei que me
bastaria, eu era mesmo sortudo de certa forma, pelo fato dela estar sozinha,
solteira.
O almoço foi delicioso, o papo, tão natural, e eu já não
percebi a tensão nela de sempre, vi ali uma Lice mais a vontade.
O sorvete no parque foi fabuloso, eu achei que não existiam
mais por aqui, mas o momento crucial pelo qual esperei, foi o beijo, o beijo
dela, o beijo pelo qual senti muita saudade, o beijo pelo qual esperei, esperei
anos.
Agora eu não podia contar com revelação do dia, a virgindade
dela, eu sou homem, então ao quanto de machismo me cabe posso dizer, isso não
parecia real, mas vindo dela eu sabia que era verdade, porque uma, a Lice não
era de mentir, e duas mesmo se fosse ela não mentiria sobre isso.
Senti-me feliz, e pensei com perdão da expressão ‘’puta que
pariu’’ isso é muita sorte, claro que fui precipitado em dizer, pois o fato
dela ser virgem não significa que vá perder comigo, e não foi por isso que acho
que sou um cara de sorte, na verdade também ,um pouco, vá la confesso, mas por
que sei que realmente o que combinamos há anos tinha importância, e sei la me
senti como se ali naquela entrega, daquele segredo que haveria sim uma
possibilidade de acontecer comigo, e ai pude ver que há algumas coisas que
podemos começar, e outras vamos recomeçar de onde paramos.
Por outro lado confesso também, me sentir inseguro, quero
deixa-la tranquila quanto a isso, fazer com que ela veja que ok, se preciso for
mais um tempo, mas eu a queria tanto, seria difícil lidar com todas essas
coisas, mas para quem esperou tanto para beija-la, para fazer amor com ela,
esperaria até um casamento.
E ai me dei conta de que pensei em casamento, já, assim tão
depressa, sem mais nem menos, eu só precisava era conter minha loucura afim de
não espantar ela de novo da minha vida.
Quando ela me deixou em casa, me senti o cara mais feliz da
via láctea naquele momento, agradeci a Deus e a oportunidade e prometi a mim
mesmo, que a faria feliz independente de qualquer coisa.
Não me contive me joguei na cama e fiquei ali pensando em
nós dois.
Momentos a dois...com alegrias e inseguranças...mas que sejam sempre gostosos!!! Bj
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