segunda-feira, 29 de junho de 2015


Loucuras da Vida (Parte VI)

Desembarcamos sem nenhum problema, o voo pareceu durar uma eternidade, mas isso eu sabia que era devido a minha ansiedade, eu não sabia o que esperar, mas eu queria chegar logo, vê-lo de novo.
No caminho a Julia me perguntou:
-E ai preparada?
-Preparada e gelada! É tão estranho, mas confesso estou ansiosa, desde ontem já não dormi bem, quero vê-lo de novo, dessa vez com mais calma, sabendo que quem vai me abrir a porta é ele....isso também é estranho.
Sorrimos uma pra outra.
-Então ta, mas fique atenta no celular que eu vou te ligar é claro, mantenha a calma e caso as coisas não saiam bem como você imagina, só me ligar que te salvo!
-Ta bem.
Ao responder vi que ela estava parando em frente do prédio.
-Pronta amiga?
-Estou, obrigada Ju, você é e foi uma amiga ‘’the best’’ nesses últimos dias como não há outra igual, não sei o que seria de mim sem você! E me desculpe se estraguei alguma coisa, porque eu não sei se fui boa companheira de viagem desta vez.
-Que isso Lice, foi ótima companhia, e eu seguro sua peteca, porque você segura as minhas, você também é uma amiga e tanto, já sabe né qualquer coisa só gritar.
-Ta bem, eu grito se precisar.
Dei um beijo, e disse que ela não precisava descer para me ajudar com a mala.
Parei em frente a portaria, respirei fundo, abri o portão e entrei, cumprimentei o senhor Antonio, que me fez algumas perguntas, e elogiou a educação do meu hospede, eu pedi para ele interfonar, ele achou estranho, mas fez, achei de melhor tom, avisar que eu estava subindo mesmo a casa sendo minha eu não queria nenhuma surpresa extra.
No elevador fui sentindo o rosto esquentando, esfriando, o coração acelerando, e como no dia em que sai, hoje eu também sabia que não tinha volta era melhor resolver isso.
Assim que a porta do elevador se abriu e eu sai, dei de cara o Lê na porta, ali me esperando com aquele sorriso, aquele sorriso que eu me lembrava tão bem.
-Oi seja bem vinda à sua casa!
Disse ele vindo pegar minha mala
-A....ok, obrigada! Nossa isso é tão estranho!
-É mesmo, mas vem, entra!
Ele me deu espaço para que eu entrasse primeiro, e ao colocar os pés porta adentro, fui pega por um aroma delicioso, do que parecia ser carne assada, e isso me fez ver que eu estava com fome, e ao ir entrando vi uma mesa linda com uma orquídea e velas.
Não soube de novo o que pensar, olhei para ele que estava entrando puxando minha mala e fechando a porta .
-Espero que esteja com fome, e que não se incomode por eu ter fuçado nos seus armários e pego sua louça!
-Quanto a louça ok, é para ser usada mesmo, mas não precisava se incomodar com o jantar, podíamos pedir uma pizza.
-É que eu comi muita pizza, e achei que essa era uma oportunidade excelente para comer algo diferente!
Nós rimos, eu dei mais uma olhada em volta e ele me disse:
-Mantive tudo conforme você deixou, não queria que sentisse como se eu estivesse invadindo sua privacidade.
-Não é isso, é que é estranho, fique tranquilo, é a primeira vez que loquei meu apartamento, então é só... é só estranho!
-Ok, olha eu estou quase terminando o jantar, então fica a vontade a casa é sua literalmente né!
-Ta, eu vou tomar um banho, fique a vontade também-eu disse meio que sem saber o que dizer.
-Eu vou tentar- ele  sorriu.
Eu sorri de volta, peguei minha mala, me dirigi para meu quarto, e só ai me dei conta, de que ele estava trancado,  comecei a procurar a chave na minha bolsa, e meio assim de canto de olho tentei espiar e vi ele mexendo com algumas coisas na cozinha, muito a vontade.
Abri, entrei, fechei a porta, e inconsciente ou não a tranquei por dentro.
Abri minha mala, comecei a tirar as coisas de dentro, e pensei, a quem eu estava tentando enganar, eu estava louca pra ir  la para sala e  ficar com ele, que eu teria mais 10 dias pra desfazer a mala, mas o que eu precisava agora era desfazer as confusões do meu passado.
Tomei um banho longo, eu adoro viajar, mas voltar para casa é muito bom, desta vez estava ainda melhor, diferentemente melhor, coloquei um vestido branco, passei meu perfume, amarrei meus cabelos em rabo de cavalo, destranquei a porta, sai.
O Lê se levantou trouxe até mim uma taça, que me entregou e então com a outra mão serviu o vinho me dizendo:
-Você esta muito bonita, e bronzeada!
-Não tem como voltar diferente de Salvador né.
-Acho que não!
Sentei-me, e ele se sentou no puf, na minha frente e me disse:
-Eu repuz os queijos e frios, então se você quiser beliscar algo antes do jantar.
-Não obrigado!  Para mim só vinho esta bom, e não precisava repor tudo, o que tinha aqui era para seu consumo mesmo, na verdade era para o consumo do gringo - falei entre sorrisos.
-Na verdade, estou meio gringo já que morei la por um tempo – senti que ele tocou no assunto com imenso cuidado, como quem pisa em ovos.
Tentei levar na descontração e respondi:
-Você tem razão morando tanto tempo fora, deve ter pego hábitos, mas acredito que como todo bom brasileiro há outros dos quais você não consegue se libertar.
-É você tem toda razão... Ainda faltam uns 15 minutos para a carne ficar pronta tem certeza que não quer algo para beliscar?
-Ok, mas deixe-me mover-me dentro de minha casa, preciso  voltar ao meu ambiente certo? E deixar de ser visita.
Ele acenou com a cabeça, fui até cozinha e em cima da pia já estava pronta uma pequena tabua de frios, muito bem arrumadinha e com uma variedade considerável.
Peguei e levei ate a mesinha da sala, e fiz um sinal como quem diz sirva-se, ele não pestanejou pegou um bocadinho e levou a boca, eu fiz o mesmo, senti que o vinho já estava fazendo aquele efeito, me deixando meio mole, e que de fato beliscar algo até o jantar seria algo certo a se fazer, ele quebrou o silencio dizendo:
-Eu tenho tanta coisa para te explicar, e não sei por onde começar.
-Que tal pelo começo? – Eu propus, com um sorriso.
-Bem vamos la então... Lice, la traz, há dez anos, o rumo de nossas vidas foi afastado, não por culpa sua, mas por culpa minha, eu era jovem você também, começamos  a namorar cedo, eu te amava, mas precisava viver novas coisas, e permitir isso a você, e não havia outro modo, e eu não queria perder a oportunidade, e também não queria perder você, eu pensei mil vezes em não ir e desistir, mas fiquei com um medo tremendo de me arrepender por ficar, estava incerto de muitas coisas, e acho que você também – Ele fez uma pausa, me olhou, eu continuei muda, beliscando, bebericando meu vinho, e isso foi o sinal de  que ele podia continuar, que eu era ‘’todo ouvidos’’, e ele continuou – Quando cheguei na sua casa, no outro sábado e você não estava, foi como se o sinal que eu precisava tivesse sido dado, eu percebi naquele momento que eu precisava prosseguir, porque foi exatamente o que fiz, eu sofri, meu mundo caiu, mas eu precisava continuar, e foi o que fiz, e foi o que você fez certo?
Apenas assenti com a cabeça positivamente. E ele continuou:
- Mas desde o dia em que eu entrei no avião, você seguiu comigo aqui – ele apontou o coração - e nunca mais saiu, não houve um só dia em que eu não tenha pensado em você, eu juro! Não que eu não tenha me relacionado, eu me relacionei, eu tentei, porque essa distancia, que ia além dos quilômetros que separam os países em que estávamos, havia a  distancia entre nossos corações, essa distancia me matava, eu me sentia só, e eu queria seguir, eu queria ter o ponto final, e cada relacionamento que tive, eu confesso, nunca chegou nem perto do que tivemos, mesmo sendo tão jovens, naquela época fomos abençoados, com o amor de verdade, que tem muita gente que passa a vida inteira atrás e não acha!
Eu continuei ali, parada, absorvendo tudo que ele foi dizendo, vendo o que encaixava, e ai a carne ficou ainda mais cheirosa e ele disse:
-A carne parece estar no ponto, me  dê licença, vou finalizar nosso jantar para que possamos finalizar nossa conversa tudo bem, e desta vez você será visita na sua própria casa.
Sorri, assenti, e esperei. Alguns minutos depois, ele colocou na mesa dois pratos preparados com uma massa com um molho verde cheiroso, e um corte de carne que parecia suculento.
Puxou minha cadeira me sentei, ele se sentou dizendo:
-Espero que você ainda goste de carne!
-Sim ainda gosto! E parece estar tudo muito gostoso, ou é o apetite aberto pelo vinho!
Não pensei em mais nada, peguei um bocado da massa e levando a boca me surpreendi com o sabor, estava muito bom, e a carne no ponto em todos os aspectos, fui obrigada a dizer:
-Bem pelo visto entre outras coisas morar fora lhe ensinou a cozinhar
-Morar sozinho tem suas positividades - ele disse sorrindo e prosseguiu - posso continuar?
-Claro! Espero que você entenda meu silêncio como uma forma de respeito, mas pretendo me pronunciar quando eu achar que devo.
-Ok – com um semblante mais calmo do que no inicio de nossa conversa ele continuou – Depois de tantos anos, pude perceber que não adiantava eu prosseguir, sendo que havia aqui algo inacabado, inacabado por muitos motivos, e a pelo menos uns três anos, eu vinha ensaiando uma forma de voltar, para arrumar tudo isso, se é que há alguma possibilidade, mas eu só queria pelo menos tentar, fazer certo desta vez!
Foi então a minha vez:
-Mas isso não tem sentido Lê, já se passaram tantos anos, você fez sua vida por la com certeza, era só esperar, que talvez a pessoa certa fosse parecer, e você também não sabe se tem alguém, que sentido tem largar tudo o que você deve ter construído para vir atrás de algo tão incerto?
-Lice, eu larguei o que tínhamos aqui, e nunca mais achei nada igual, então para mim pareceu mais vantajoso tentar pelo menos acertar isso, do que buscar algo para o qual eu não estou aberto, porque eu nunca te esqueci!
-Ta mas mesmo assim você decidiu se arriscar, e se eu tiver alguém, e se eu, sei lá fosse casada, tivesse uma família, você veio disposto a estragar isso?
-Jamais, se eu soubesse que você tivesse reconstruído sua vida nesses aspectos também, que estivesse com alguém, que estivesse lhe fazendo feliz, que teria uma família, eu jamais voltaria, pelo contrário isso seria para mim a prova de que eu precisava esquecer tudo, e prosseguir de onde quer que eu estivesse, mas eu soube que assim como eu havia coisas em aberto para você!
-Certo, e como você soube disso, que havia coisas em aberto para mim?
-Na verdade, depois de tentar por alguns anos prosseguir sem sucesso, eu comecei a procurar por alguma coisa sua nas redes sócias, e nunca achei, até que um dia, fui me lembrando de em vez de procurar por você, procurar por pessoas próximas a você, familiares, amigos, e então encontrei algumas pessoas, você não tem nada nas redes sociais, mas pelo que achei também nunca proibiu as pessoas de colocar uma ou outra foto com você no facebook por exemplo.
Ele sorriu para mim, eu sorri de volta, finalizei meu prato, ele o dele, ele nos serviu mais vinho, retirou os pratos, e sentou-se de novo.
-Você tem razão! Eu disse pensado naquilo tudo que eu acabava de ouvir – Mas isso soa confuso!
-Eu sei, parece até uma coisa meio doentia, mas depois que descobri essa forma de saber mais sobre você, foi ai que tive mais certeza do que precisava fazer, então entrei em contato com algumas dessas pessoas, conversei, na verdade eu procurei saber sobre sua vida, eu precisava de respostas, mas eu teria que dar um jeito de tê-las, minha mãe não sabia onde sua mãe estava morando, seus pais se mudaram pelo que parece um temo depois, e ai eu tive que me virar, eu confesso que quando fiz minha primeira conta no facebook, eu coloquei meu nome completo inteiro, porque eu pensei que se algum dia você procurasse por mim seria fácil de me achar, mas quando o tempo passou e eu não achei nada sobre você, eu percebi que isso não seria possível, meio que perdi um pouco as esperanças, mas ai um dia eu fuçando achei uma foto sua, e então começou minha busca.
-Nossa! Foi tudo o que saiu de minha boca.
-Eu não quero te assustar!-Ele disse receoso
-Você não esta me assustando, é só que me parece meio surreal.
-Eu te entendo, esse seu pensamento, eu pensei muito em como fazer, eu pensei até que só o fato de eu ter visto como você estava, que mulher linda você se tornou já seria suficiente, mas não foi, a cada foto que eu via, a cada novidade que eu conseguia, a cada noticia que eu tinha, reforçava ainda mais a vontade de voltar.
-Certo Lê esse ponto até aqui eu entendi, eu só não entendi, porque essa necessidade de voltar, o que você espera com isso?
-Lice, eu sei que não da para recomeçar de onde paramos, não é lógico, não é certo, mas eu precisava te contar como eu me senti nesses anos todos, precisava que você soubesse que eu nunca te esqueci, e que fiquei perdido, não que não tenha valido a pena, eu cresci profissionalmente eu fiz uma carreira eu fiquei bem sucedido, eu... eu precisava compensar com algo bom, porque eu estava pagando um preço alto longe de você, e eu precisava que algo valesse a pena, mas foi só o que consegui nesses dez anos, bem pessoal, profissional, mas sentimental sou um ponto de interrogação, uma pagina em branco.
-Certo, e o que você espera de mim?
-Lice eu não espero nada, na verdade, se você quiser que eu vá embora agora mesmo eu vou, mas pelo menos, agora eu consegui te dizer como me senti por esses anos, e como me sinto.Eu gostaria que de alguma forma nos déssemos uma chance, para recomeçar, não de onde paramos, mas de onde estamos, crescidos amadurecidos, mas não posso te forçar, se você não quiser eu vou entender, ou pelo menos tentar.
-Eu.....eu não sei o que te falar Lê, estou confusa, eu nunca imaginei um dia ter essa conversa, nunca imaginei te encontrar de novo.
-Lice, pois eu posso te dizer com todo meu coração se há uma coisa que eu esperei muito nesses últimos anos foi essa conversa. Eu a idealizei de muitas formas, mas nenhuma foi como esta sendo, e este encontro não foi como eu também almejei a desculpa na locação, enfim tudo o que nos trouxe até aqui e agora.
-Por falar nisso, me conte como soube que esse era meu apartamento, me diga quem lhe passou todas as informações ao meu respeito, eu não tenho facebook, ou outras contas em redes sociais, mas meus amigos e parentes todos têm. Quem te ajudou com essa historia?
-Lice eu não quero dar nomes, na verdade esta foi das condições  para que eu chegasse até aqui, mas posso adiantar a pessoa não fez por mal, pelo contrario, demorou muito para que ela aceitasse me ajudar, me dar informações a seu respeito, foi muito tempo de conversa, e acredite esta pessoa fez realmente pensando estar ajudando, a nós dois.
-Nossa, nem acredito nisso, ainda essa agora, alguém de comum acordo com você me enganou esse tempo todo, me sinto traída, duplamente!
-Não Lice! Não pense assim, não foi assim,acredite a pessoa só quis ajudar duas pessoas a resolver algo que não ficou resolvido.
-Ta até ai ok, mas agora assim eu não poder saber quem é, me sinto traída sim, porque pode ter sido qualquer pessoa, que sabia o que estava acontecendo vendo eu fazer papel de tola.
-Lice você não fez papel de tola, por favor, não diga isso!
-Mas é assim que me sinto.
Pensei: ’’Meu Deus quem poderia ser?’’
Agora tinha mais essa, eu não sabia em quem poderia confiar meus sentimentos, porque podia ser minha mãe, meu pai, a Jana, a Ju, e pensando nessas pessoas fui ficando com raiva, confusa.
-Lice, sei que é muita coisa para você absorver, não há muito mais que eu tenha par lhe falar a respeito, eu só precisava que você soubesse que eu ainda a amo!
Eu só olhei para ele, e só então percebi a sinceridade que ele mantinha no olhar, fazia muito tempo que eu não o olhava nos olhos como daquela forma, mas eu conhecia aquele olhar e eu sabia que era verdade, mas eu não sabia o que era verdade dentro de mim.
-Lê, eu preciso pensar sobre tudo isso, eu preciso....eu preciso de um tempo, eu não sei o que fazer para te ser bem sincera!
-Eu sei Lice, eu estou disposto a esperar o tempo que for necessário, se você quiser eu posso ir embora depois de organizar as coisas na cozinha.
-Nossa, eu não havia pensado sobre isso, onde você ficaria depois que eu voltasse...
-Não se reocupe comigo, eu já reservei um hotel, até eu conseguir me ajeitar, eu imaginei que você gostaria de ter sua casa de volta, e imaginei que você precisaria de tempo.
-Lê eu gostaria de me sentir a vontade a ponto de dizer para você ficar, mas me desculpe eu acho melhor não, por outro lado, faço questão de te ajudar com as coisas do jantar.
Ele assentiu com a cabeça, se levantou da mesa, e foi para a cozinha me dando o espaço que eu precisava, fiquei ali sentada pensando em tudo, em um turbilhão de emoções, completamente perdida, e então me levantei fui até a cozinha e comecei a ajuda-lo, embora não havia muita coisa para fazer, só mesmo lavar alguns utensílios, que ele já havia começado a lavar, peguei um pano para secar e enquanto isso, resolvi quebrar o silencio.
-Tão estranho isso né, você lavando a louça e eu secando, como bons e velhos amigos, alias eu acho que isso, a amizade permaneceu inabalável mesmo sem nunca mais termos nos falado.
-Estranho é, mas para mim trata-se de um momento muito prazeroso Lice, de certa forma estou feliz por estar aqui com você, nesse momento, desse jeito.
-Obrigado pelo jantar e o vinho, as flores e as velas, estava tudo lindo e a comida muito boa.
-Fiz tudo com muito amor Lice, é o mínimo.
Terminamos a organização alguns minutos depois, e então ele secou as mãos virou para mim e disse:
-Acho melhor eu ir, vou ligar para um taxi, se você não se incomodar.
-Não me incomodo, eu tenho um que sempre que chamo, gente boa o telefone esta ai na geladeira.
Ele pegou o numero ligou para o taxista, desligou.
-Então é isso, eu gostaria de saber pelo menos se posso te ligar amanhã, em algum momento, eu não quero te sufocar, mas gostaria de manter contato com você.
-Deixe que eu te ligue quando me sentir melhor, quando eu tiver algo para lhe dizer, pode ser?
-Claro sem problema, como ja te disse eu espero!
-Certo!
-Certo, então vou ao quarto buscar minha mala.
Vi ele indo pelo corredor, me lembrei do andar dele, e pensei: ’’o que vou fazer agora da minha vida?’’
O interfone tocou e era o taxista, fomos caminhando até a porta, a abri.
- Lice, esses dias para mim na sua casa, foi um dos melhores que tive nesses anos todos, porque foi a única forma de me manter perto de você, vou ficar aguardando ansioso pela sua ligação. Vou estar no Ritz.
-Ta- foi tudo que consegui responder.
Ele se aproximou de mim, me puxou para um abraço que eu nem pensei, apenas correspondi, e me senti tão bem, tão segura, e meu Deus como ele é cheiroso!
Ele se afastou um pouco e fez menção de um beijo, mas eu o empurrei delicadamente, um abraço ok, mas beijo ai já era demais, não que eu não quisesse, mas não  devia ser por impulso, devia ser algo sincero e verdadeiro, não só da parte dele, mas da minha, e em mim eu não sabia mais quais eram verdades.
Ele entendeu se afastou e seguiu, apertou o botão do elevador e ficou de la olhando para mim, e eu olhando para ele, até que ele sumiu quando o elevador chegou.
Fechei a porta, e encostada nela fui escorregando até chegar ao chão. E eu pensei:
‘’Meu Deus e agora? O que vou fazer? Como lidar com isso? Como lidar com meu medo? Minha insegurança? Meus sentimentos? Nem nos meus melhores ou piores sonhos, imaginei algo assim acontecer ...e agora?’’

NA VISÃO DO ALESSANDRO PARTE III

Entrei no táxi e suava frio, eu não acreditava que até que enfim, eu havia conseguido falar para ela tudo o que eu sentia, me senti leve e feliz, por vê-la, e por tê-la de certa forma tão perto.
Abri meu coração, e senti que ela me entendeu, mas eu não consegui decifrar o que ela sentia, ou que ela sentiu, ela estava tão linda naquele vestido branco e foi quase impossível para mim me manter longe, me manter um cavalheiro em uma situação, por muitos momentos, eu só pensava em abraça-la e beija-la, que saudade eu tinha daquele beijo, daquele abraço, foi difícil virar as costas e vir embora.
Mas eu sabia que precisava dar a ela um tempo, eu sabia que estava tudo muito confuso, mas eu tinha uma esperança, só pelo brilho do olhar dela, eu só precisava me manter paciente e esperar pelo momento oportuno.
Chegando ao hotel, já no quarto, me senti estranho, e vi que era saudade, do canto dela, da casa dela, do cheiro dela, de novo a sensação de estar muito longe, e agora um pouco pior, porque ao mesmo tempo, muito perto, apenas alguns quilômetros e não milhares.
E por um instante, pensei na possibilidade dela ir embora, sumir de novo, sem vestígios desta vez, mas ai me dei conta de que agora era outra época, tínhamos outra cabeça, e que ela só me deixou primeiro, porque eu a deixaria, mas hoje ela sabia que isso não iria acontecer, eu sei que ela sabe que eu vim para ficar e só não ficarei caso ela não me queira.

Era preciso saber esperar agora, ansioso, mas eu teria de saber esperar.

...continua...

bjucas soOonhadoras!

Um comentário:

  1. Quem já esperou tanto, pode esperar um pouco mais!
    Torço para que se entendam. Finalmente!
    beijo

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Seja bem vinda(o)!!!! Feliz pela sua visita!!

Obrigada por me acompanharem!