Dona Chica (parte 2 )
Mas nem só de viver em cima dos mistérios de dona Chica era
feito meus dias com a Duda, e após encerrarmos nosso dialogo, sobre o assunto
naquele momento, começamos a ver através do celular vestidos para nossa festa
no fim de ano, que também era um assunto que nos estava bem atrativo nos últimos
dias.
Sentadas na calçada, começamos a abrir fotos e debater entre
cores, tamanhos, enfim passou um tempo, e de repente, sentimos uma sombra
chegando perto de nós, paramos e olhamos para cima e com toda certeza devíamos ter
ficado brancas como cera ao deparar com a dona Chica carregando uma sacola nas
mãos se aproximando de nós, tenho certeza que ficamos brancas, pelo comentário de
dona Chica que se seguiu:
-Calma meninas, não queria assustá-las!
-Mas a gente não se assustou, foi tudo que consegui dizer
naquele momento.
-Bem de qualquer forma não foi minha intenção! Dona Chica
tinha nesse momento um sorriso indecifrável no rosto, uma vez que nunca a vimos
sorrir, não sabíamos o quão verdadeiro aquele era ou não!
-Eu fui até a padaria, comprar algumas guloseimas, para o
lanche da tarde, pois hoje não tive tempo de ir de manhã, o que me surpreendeu,
pois a tarde eles têm muito mais diversidade para agradar o paladar, e eu pensei
em chamar vocês para me fazer companhia, já que na empolgação comprei uma quantidade de guloseimas, acho que comprei demais
para uma velha sozinha.
Enquanto ela ia falando, parecia uma explicação sobre a
indagação da Duda sobre o que ela comia, e se ela comia, e tive a certeza de
que eu estava certa ao dizer que ela comia, porem devia fazer as compras pela
manha, foi como se ela estivesse respondendo pessoalmente a pergunta foi muito
estranho, porém mais estranho era a voz de dona Chica, quase uma melodia, ela
falava muito tranquilamente, sem a pressa natural dos demais adultos, como quem
tinha todo tempo do mundo, e surpreendentemente ela exalava um perfume de lavanda sabe, para definir
um cheirinho de vovó como a muito eu não sentia.
Eu olhei para Duda, e ela me olhou nos viramos fascinadas, porque
com certeza foi mais fácil do que pensávamos, a uns minutos atrás estávamos confabulando
como entrar, e agora assim como que caído do céu um convite para entrarmos e
matar de vez toda e qualquer curiosidade.
Mil coisas passaram na minha cabeça, pensei que ela podia
ser uma psicopata, uma bruxa, uma vampira, pensei que talvez eu nunca mais
visse a luz do dia, mas como em um encanto, eu e a Duda respondemos:
-Ok!
-Ótimo, disse dona Chica com uma empolgação juvenil – então vamos
porque eu não sei vocês, mas eu estou com fome!
-Nós também, a Duda falou como única coisa plausível no
momento.
Colocamos-nos a caminho do portão da casa velha e nada
bonita, dona CHica abriu o portão, passou e fez um gesto para que entrássemos,
mas nem precisava, em segundos estávamos na porta de pé, dona Chica nem colocou
a chave na porta, simplesmente pegou a maçaneta e abriu, um barulho velho, um
ranger e ela fez sinal para que entrássemos, olhei para Duda, e ela entendeu,
que ali, seria o fim de tudo, e podia ser que seria o nosso também.
Entramos mudas e dona Chica também não fez menção de nenhuma
palavra, assim que ela fechou a porta disse:
-Se vocês não se incomodarem acho que ficaremos mais a
vontade na mesa da copa para o café, mas preciso arruma-la, sei que vocês tem
muita coisa para me perguntar e eu também a vocês, então podem ficar a vontade
e assim que tiver tudo arrumado às chamo, ela nos deu um sorriso, que defino agora como meigo se
virou e sumiu corredor adentro.
Somente neste momento, após a saída dela na sala que
começamos a olhar em volta e fomos surpreendidas por um ambiente, limpo e
bonito, de decoração simples, mas confesso de bom gosto, ficamos boquiaberta, porque
com certeza ficamos muito surpresas, e a imagem externa da casa jamais passara
para nós que la dentro pudesse ser tão
encantador, ao fundo uma lareira com alguns retratos em cima, nos aproximamos
para olhar, eu e Duda tinha essa coisa de que não era preciso falar nada uma
para outra, é como se a gente se comunicasse por telepatia, éramos irmãs de
alma, como costumávamos dizer.
Nas fotos podemos ver nitidamente uma dona Chica mais jovem,
bonita até, acompanhada de um rapaz muito bonito, depois na outra uma foto de família,
ela o rapaz e uma criança e um cachorro, depois fotos em arvores de Natal,
fotos na praia, e algumas delas pareciam ser mais recentes.
-Que surpresa tudo isso Ana,nunca imaginamos que pudesse ser
assim!
-Sim eu sei, mas e agora? Não sei o que pensar Duda.
-Pois não pense! Apenas aproveite o momento, e vamos matar 2
anos de muita curiosidade!
A Duda estava certa, tínhamos agora a oportunidade de
descobrir tudo por trás da casa e da vida de dona Chica, não podíamos estragar
o momento, e não íamos.
Neste momento saiu da cozinha um cheirinho de café fresco bom,
e também cheiro de algo saindo do forno, e dona Chica apareceu no corredor nos
chamando:
-Meninas esta tudo pronto, vamos ao café!
Dirigimos-nos a copa e nos deparamos com uma mesa, muito bem
arrumada, com xícaras de chá, pratos e talheres bonitos, e com muita comida,
bolo, pão de queijo quentinho que explicava o cheiro, geleias, queijos, frios e
suco.
Ficamos de pé esperando um sinal, de onde nos sentarmos,
dona Chica percebendo nos disse:
-Meninas fiquem a vontade, podem se sentar onde quiserem,
pois temos muito o que conversar não é mesmo?
Sentei a Duda também, e dona Chica também, em um silêncio
chato para falar a verdade.
-Eu não gosto de ter que ficar empurrando nada nas pessoas,
e para começar sendo sincera, gosto das pessoas a vontade na minha casa, então se
sirvam do que mais gostarem e quando estiverem prontas estou a disposição para
responder o que quiserem saber, e claro para perguntar também!
Com o mesmo sorriso meigo de antes ela nos disse a frase, eu
não me fiz de rogada, já que estava la ia aproveitar cada segundo, e fiz isso
sendo mais espontânea que podia comecei a me servir, a Duda também, e dona
Chica também, enquanto estávamos naquela dança de passa-me, a geleia, manteiga
e queijo por favor, eu ia aqui na minha mente ‘’mira bolando’’ as perguntas que
me eram cabíveis fazer......
Continua....